Entrevista – Eduardo Dussek

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Humor e música. Essa é uma mistura que você acha que dá certo?
Esse meu novo show é uma mistura das minhas músicas mais engraçadas, linkadas por um texto praticamente de stand-up. O meu texto é non-sense, não é só música, é uma mistura de teatro, de música e de loucura. Eu diria que é mesmo mais inimista, uma apresentação para acabar com o estresse. Essa mistura de humor e música dá uma coisa quase de cabaré, como faço em minha casa (risos). Falo muita loucura.

Neste show você revisita sua própria obra. Como é que você enxerga sua carreira?
Depois de ter atirado para todos os lados por 30 anos, do samba ao rock, posso dizer que há uma unidade em tudo. Um estilo Dussek de canto. É divertido. Rita Lee, Lulu e Pixinguinha têm muito a ver comigo, foram eles que me influenciaram. Mas acho que a minha carreira é, na verdade, uma grande forçação de barra para que todo mundo cante junto.

Você foi definido muitas vezes definido como irreverente. O que esta palavra significa para você?
Eu sou um brincalhão, na verdade. Falo de coisas que as pessoas não costumam falar e uso muito humor para isso. Acho que sou muito sério, o mundo que é uma piada. Lendo o jornal ou você gargalha ou chora, eu só mostro isso nos meus textos. O brasileiro se acha o melhor do mundo, um complexo de grandiosidade que é pura comédia.

Você está preparando novidades?
Estou gravando um disco novo, o último álbum, o ‘Tal de Dussek’ tinha mais regravações, este vai ter só musicas novas, deve sair no meio do ano que vem. Estou planejando também um CD de covers de músicas românticas. E, claro, o carnaval está chegando! Vamos para as marchinhas como sempre!

“Voltei com tudo” – Entrevista com Ney Matogrosso

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Ney Matogrosso passou pela cidade com sua nova turnê, Atento aos Sinais, no domingo, 03 de novembro.

 

Em Atento aos Sinais veremos uma seleção de grandes canções da MPB, mas músicas da sua carreira, até mesmo do tempo do Secos e Molhados, vão estar presentes?

Não, só toco uma música do Secos e Molhados no bis. Gosto da produção que tive ao longo da minha carreira, mas o que me interessa de fato é a novidade. Sempre busquei a inovação. Eu sempre tenho algo novo a dizer.

 

Mesmo tendo deixado as maquiagens e figurinos carregados para trás, você ainda considera seus espetáculos performáticos?

Mas este espetáculo é muito performático! Voltei com tudo para cima do morro (risos). O cenário, o figurino é tudo muito bem trabalhado. O figurino, inclusive, foi minha ideia. A primeira calça, com as escamas, fui eu quem desenhou ao lado do Milton Cunha, meu parceiro de longa data, que também me ajudou na concepção do cenário. Foi ela quem serviu de molde para todas as outras, mas elas são diferentes em cada apresentação. Não queria usar apenas uma roupa no palco, quero dar ao público um espetáculo único.

 

Após cerca de 30 discos gravados, dá para enumerar algumas músicas pelas quais você tem um apego maior?

Já abri e encerrei shows com várias músicas. ‘Mulher Barriguda’, ‘Fala’ e ‘América do Sul’ são as que eu mais destacaria. Mas nessa turnê não as quis colocar, não foi por não querer colocar, só por que as canções são velhas. Eu canto músicas do Caetano Veloso da década de 80. A canção ‘Roendo as Unhas’ do Paulinho da Viola foi gravada em 1973! Para uma música entrar no meu repertório ela tem que caber no que eu quero falar, se encaixar na minha proposta. O que é de fato fundamental para mim é a letra da música ser boa, a melodia, o ritmo, tudo me encanta, mas a letra tem que expressar tudo que eu tenho para dizer.

 

Mesmo após tanto tempo de trabalho, você ainda é considerado um dos artistas mais originais e versáteis da música brasileira. Como você se mantém sempre “novo”?

Não tem receita. Acho que isso é uma questão mental, de como você trabalha sua cabeça. Sei que não demostro minha idade, mas a conheço bem. Para não se deixar parar nós temos que estar sempre abertos ao mundo, me mantenho esperto, quase um trocadilho com o nome da turnê [‘Atento aos sinais’].

 

Com 40 anos de carreira, que visão você tem das novas bandas que estão surgindo? Que novos artistas agradam seus ouvidos?

Gosto de botar desconhecidos na roda, mas é cada vez mais difícil. Dos que chegaram a minha mão, existe muita gente muito boa. O problema é conseguir um espaço, tocar nas rádios. Da mesma forma que gravar um disco se torna cada vez mais fácil, ser ouvido tem se tornado cada vez mais difícil. Ainda assim, nesta turnê canto músicas do Criolo, do Dani Black. Mas tenho certeza que ainda há muito por conhecer.

 

Como você recebeu a notícia da morte de Lou Reed, do Velvet Underground? Ele influenciou seu trabalho?

Ah, é uma pena. Não posso dizer que o Velvet Underground influenciou o meu trabalho, mas gostava do trabalho e da pessoa dele. Quando ele lançou aquele disco que tem uma banana na capa [The Velvet Underground & Nico, 1967]  eu carregava o LP embaixo do braço para onde quer que fosse. É uma perda triste para a música.

 

E na questão das biografias não-autorizadas? Você se importaria que fizessem um livro contando sua vida?

Não, de forma alguma. Já até fizeram um uma vez, mas na verdade não gostei muito dele, era mal escrito. Mas não me oponho a fazerem os livros. Essa é uma história muito polêmica, quem antes defendia uma coisa já está mudando de lado de novo. Mas minha opnião é sempre a mesma com relação a isso: biografia não tem que ter autorização. Só o que defendo é que as pessoas tem que ser pagas pelos produtos que se derivarem destes livros, elas têm que ter direito de ganhar com a própria imagem. Para o livro não estou nem aí, mas os subprodutos, como filmes e séries de televisão, onde realmente corre o dinheiro, deveriam remunerar o artista que está sendo retratado.

 

PS: Tenho produzido muito, mas me falta tempo de publicar tudo aqui no blog, vou fazendo as atualizações aos poucos, espero que me perdoem 

Entrevista com Digão, dos Raimundos

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Digão [segundo da esquerda para a direita] atuou desde o início da formação da banda, no fim da década de 80, e desde 2002 deixou a guitarra um pouco de lado para assumir os vocais. Fez show na Calourada da UnB, em 1º de novembro.

 

Calourada Evento mistura sertanejo, pagode e rock. Você gosta dessa integração?

Cada um tem seu espaço. A música é bem democrática, tem uma galera grande que curte. Não digo que há uma interação, mas claro que vamos fazer com o mesmo gás. Não tenho nenhum tipo de preconceito musical.

 

A banda se formou em Brasília, tocar aqui ainda é especial?

É diferente por que eu saio da minha casa, mas não digo que é especial. O brasiliense não valoriza o que é daqui, isso é uma característica do local, infelizmente não há uma energia. Falta de identidade desde o fim dos anos 90.  A capital do rock lançava moda, agora não tem mais. Virou só mais uma cidade do circuito dos DJs internacionais. Os bares não tocam shows autorais mais, a música tá morrendo. Sobressai a politicagem de quem ganho o incentivo e não os bons. Isso desanima as bandas que são inovadoras. Falta espírito, não acredito no nascimento de um novo Legião Urbana.

 

A energia da banda ainda é a mesma desde a estreia?

Só vai melhorando com o tempo, é que nem vinho, a banda está cada vez mais forte. A gente gosta mesmo do que faz.

 

Estavam com medo da recepção do público?

Em 2009 retomamos as “antigas”, mas nunca paramos. Em 2006 trocamos a formação. A energia é muito boa ainda. A galera mais velha não vai mais a shows, a vida afasta as pessoas dos eventos. Mas há um público fiel, demos uma renovada no público, temos que buscar novas gerações. Mas há a galera de fé. O público que tá indo agora está amarradão. Abrange geral. Só sobrevive quem se renova.

 

E o projeto via Catarse, pretendem continuar com novos [no último mês a banda conseguiu financiar a gravação de um novo álbum financiado pelos fãs]?

Não temos incentivo de gravadoras e a ideia do Catarse deu muito certo. Só quem gosta colabora, e vimos que muita gente gosta, já que estouramos a cota. E é muito bom saber que eu sou dono de mim mesmo, livre para gravar o que quiser. Não queremos voltar a fazer algo preso pelas gravadoras. Os fãs nos ajudam e assim a gente segue. O CD que fizemos já está gravado, vamos lançar em dezembro. Não vamos lucrar com ele, hoje em dia CD se dá. Todo mundo baixa em casa, é só para quem é fã. Falta finalizar, mas vamos entregar na casa de quem colaborou, além de deixar disponivel para download gratuito. Essa é a tendencia, ninguém mais escuta CD, ele se tornou um enfeite de estante. Não podemos nos prender ao tempo. Já passou da época.

 

E, para terminar, quais são as músicas que não podem faltar nos shows?

Nós temos os nossos clássicos, tipo ‘Esporrei na Manivela’, ‘Quero é ver o Oco’ e ‘Tchara’, que já é da nova formação da banda. A gente sabe que o público que vai aos shows quer é ouvir isso mesmo, show de quem só sabe ficar tocando o novo CD é um negócio chato pra caralho.

 

PS: Tenho produzido muito, mas me falta tempo de publicar tudo aqui no blog, vou fazendo as atualizações aos poucos, espero que me perdoem 

Bernardo Sayão compartilhado

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Memória de todos. Neto do desbravador cria página no facebook para divulgar fotos do arquivo da família sobre a história de Brasília

Publicado originamente na edição de 29 de abril do Metro Brasília

Marcelo Sayão cresceu ouvindo histórias fantásticas de como seu avô desbravou o que hoje chamamos de Brasília. Foi através desses episódios quase lendários que ele conheceu o avô famoso, Bernardo Sayão, morto antes dele nascer. A viagem no tempo, porém, só ficou completa quando Marcelo herdou de uma tia uma coleção de fotografias e recortes de jornais da época da construção da cidade. Ali estava um dos mais ricos acervos da história de Brasília. “Eu tinha de compartilhar essa descoberta, um tesouro desses não pode ficar mofando nos armários”, diz Sayão. Continuar lendo

Cuidador do patrimônio de todos

Publicado originalmente na edição especial de aniversário de 53 anos de Brasília do jornal Metro

Quando Carlos Alberto Costa chegou a Brasília, era quase tudo terra. Vindo do Rio de Janeiro, ele recebeu um apartamento funcional na recém-inaugurada 308 Sul. Que alívio ele sentiu quando viu a quadra pela primeira vez. Lá estava um lago artificial, projetado por Burle Marx, para aliviar a secura da terra nova. “Esse laguinho representa uma qualidade de vida para nós”, disse Costa. Continuar lendo

Um pouco de gente no concreto

pilotis

Publicado originalmente na edição especial de aniversário de 53 anos de Brasília do jornal Metro

Dentro de um prédio qualquer pode estar um colombiano dançarino, uma professora de italiano ou mesmo um praticante de cachoeirismo. Talvez eles sejam até seus vizinhos e você não saiba. Se você quiser descobrir, há uma alternativa melhor que apertar os botões do interfone aleatoriamente. Todos eles participam do Projeto Pilotis, criado por três estudantes de design da UnB no começo desse ano. Continuar lendo

Zeca Baleiro fala sobre show em Brasília

Apresentação será a abertura da turnê do

álbum ‘O Disco do Ano’

O cantor Zeca Baleiro se apresenta em Brasília nos dias 12 e 13 de abril. Em conversa com a imprensa na tarde desta quarta-feira (4), ele destacou a escolha da capital federal para abrir a nova turnê, “tento sempre estar em locais fora do eixo Rio-São Paulo. Há tempos tento estar aqui e o público brasiliense é tão caloroso que tinha que começar essa turnê aqui”. Continuar lendo

Ney Matogrosso fala sobre seu show

Ney Matogrosso, aos 70 anos, e quase quarenta anos de carreira esbanja seu profissionalismo. O cantor chega a Brasília para se apresentar no 1º FestiArte, evento que já trouxe vários artistas de renome para a cidade.

Para Ney é uma oportunidade de divulgar seu show, Beijo Bandido, que já está em turnê há dois anos e meio. “Já estou com um repertório bem adiantado para um próximo trabalho, essa será uma das últimas apresentações dessa turnê”. Continuar lendo